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Por Kaio Martins Gomes, Ru: 1513667 Polo – Salgueiro-PE
Data: 23/08/2016
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De acordo com o Portal
Brasil, a disciplina de química está entre as áreas em que os alunos tiveram
maior dificuldade no Simulado Online do ENEM 2016, promovido pelo MEC naquele
ano, isso mostra, portanto, a dificuldade de alunos do ensino básico em
aprender a disciplina e aplicar os conhecimentos obtidos em testes ao longo da
vida escolar.
A dificuldade no ensino e aprendizado da disciplina para alunos
surdos é ainda maior, segundo Sant’anna, C.S.P. (IFRJ) eMesseder, J.C. (IFRJ)
na pesquisa intitulada A DIFICULDADE DO ENSINO DE QUÍMICA
ORGÂNICA PARA SURDOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO,apresentada no11º Simpósio
Brasileiro de Educação Química – SIMPEC, onde os pesquisadores relatam
as dificuldades tanto por parte de
professores, onde há poucos qualificados em facilitarem suas aulas em
LIBRAS, quanto, também, por parte dos próprios alunos surdos, uma vez que é
notável a dificuldade em conseguirem assimilar aquilo que está sendo repassado,
tendo em vista que a disciplina de química envolve muitas fórmulas, cálculos e
exposições espaciais, o que demanda claramente de uma metodologia simplificada
e visual para a melhor exposição do conteúdo.
Pensando nesses dados, um jovem cearense, com a orientação de alguns
professores, desenvolveu uma ferramenta que pode facilitar e universalizar o
ensino de química aos alunos surdos que sentem dificuldades no aprendizado da
disciplina.
Utilizando a plataforma
do aplicativo Avogrado, o licenciado em química e técnico em informática Olavo
Igor contou com a orientação de alguns de seus professores de faculdade para
juntos pesquisarem e converterem a uma linguagem visual alguns símbolos e
sinais usados em química; após longas pesquisas na internet e em manuais o
aluno conseguiu encontrar cerca de 80 sinais já desenvolvidos, vindo a criar e
converter outros 49, totalizando uma plataforma de 129 símbolos e sinais que
visam facilitar o ensino-aprendizado e universalização de química dentro e fora
da sala de aula. A ideia central do projeto é conseguir que o aplicativo seja
reproduzido de forma paralela nas aulas de química em todas as escolas do
estado do Ceará, principalmente aquelas que possuem alunos com deficiência
auditiva.
"Com os meus conhecimentos em química, observei a necessidade de implementar algo que pudesse facilitar a vida dos professores e estudantes. Com os meus conhecimentos em informática, agarrei a oportunidade e comecei o trabalho. Com minha paixão por LIBRAS, lutei para mudar a realidade de muitos jovens e professores"
Com ideia e projeto
quase concluídos, o jovem começou a aplicar em suas aulas a sua metodologia
construída, onde garante que houve uma melhora de 100% no aprendizado de
química por parte dos alunos que possuem deficiência auditiva. Olavo ressalta,
ainda, a importância da multidisciplinaridade na construção escolar como pilar
essencial para a universalização do ensino. “Com os meus conhecimentos em
química, observei a necessidade de implementar algo que pudesse facilitar a
vida dos professores e estudantes. Com os meus conhecimentos em informática,
agarrei a oportunidade e comecei o trabalho. Com minha paixão por LIBRAS, lutei
para mudar a realidade de muitos jovens e professores”, diz.
Para ele, uma das formas
mais eficazes de universalizar o ensino de química é trabalhar ideias e construir
práticas que facilitem o aprendizado dos alunos, tudo isso construído pelos
próprios profissionais da área, onde destaca a constante evolução da
tecnologia, o que garante não só o aprimoramento, mas também o desenvolvimento
de diversas formas inclusivas e de acessibilidade. “O problema não é só montar
e construir novas ferramentas, mas sim desenvolvê-las e reconstruí-las
constantemente para que se adaptem ao tempo e às realidades”, explica o jovem
pesquisador.
Os professores que,
assim como Olavo Igor, aplicaram a plataforma em suas aulas garantem que conseguiram
tomar a atenção de todos na sala de aula, sendo que os próprios alunos surdos
viam a preocupação por parte dos mesmos em ensinarem o conteúdo e em darem
condições de acesso aos temas para todos. “Ferramentas como estas só facilitam
a nossa vida e a vida dos alunos”, diz Arnauld Júnior, professor de química e
orientador de Olavo Igor.
Ações desta natureza vêm
ganhando destaque cada vez mais no cenário nacional, uma vez que a
acessibilidade e universalização são uns dos principais parâmetros da educação
brasileira. De maneira simples, através de práticas rápidas e de formas
inteligentes, Igor se orgulha ao dizer que o difícil já passou, o trabalho,
agora, seria só aplicar a ideia. “Não só pensando na facilidade do
ensino-aprendizado, pensei também que deveria desenvolver algo que pudesse ser
usado por todos, de maneira simples (...) Olha, e nem precisa de muito para
“rodar” o programa. Basta a escola ter um computador e um projetor, só isso! Só
isso transformará a vida de vários jovens”, cita o jovem de maneira
entusiasmada.
Fonte:
Grupo de Pesquisa em Educação Química Inclusiva A Surdos. Disponível em http://librasnoensinodequimica.blogspot.com.br/.
Acesso: 23 de agosto de 2017.
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